14 junho 2006

SESSÃO JORNALÍSTICA

Fazem três anos que me interesso por zines. Quase o mesmo tempo que estou com esse companheiro. E no mesmo período aquisitivo da bolsa de valores científicos. Duas paixões, até pouco tempo atrás três, mantidas simultaneamente, sem provocar atritos. Os momentos com qualquer um dos sujeitos em questão, pode causar-me ansiedade, satisfação, delírio, solidão, raiva e até alegria.

Compenetrada em partilhar das atuações no âmbito dos fanzines, encabecei a confecção, divulgação, distribuição e fidelidade do Zine Oi, presente nesse blog como inspiração mor e nos acabamentos visuais. Acima de tudo, venho esclarecer alguns elementos que se tornaram freqüentes nas minhas noites de insônia - além de provocarem tantas outras depois - e inadiáveis para as concepções artísticas e literárias que comecei a dissolver.

Tratar-se-á de os curtos textos encardidos em cada zine. Frases isoladas, raramente compreendidas sem recorrer à interpretação por meioses de metáfora, que costuram o centro do terço austral frontal ao norte do verso invertido. Nesse interlíneo, vislumbra-se o fundo denso e protuberante, contrariando as investidas do olhar sobre o palavreado (nem de dialeto podemos chamar!). Agora, sob essas composições combinadas, pratiquei alguns metódicos contornos. Nunca havia terminado um exemplar antes de três horas de diálogo direto.

Foi por esses treinos que não admitia alguns logismos do texto de pesquisadora. Mas valeu pela rigorosidade no esforço, compensada por leituras limpas e lavadas, ainda que pouco conteudistas. Enfrentando o perigo de avançar na linha do medíocre, acabava por incrementar todo e qualquer refrão, soluço ou sentença. Inclusive os acadêmicos. Prossegui viagem e redigi uma carta ao governador da província de Saint Katerina.

Alegava a complexidade de discursos e/ou teorias, afunilados na triagem aeróbica percorrida até o aplastamento de atitudes novamente registráveis e validadas pela oposição. Saída dos ilhotas, invadi um território nórdico, habitado e já sobreposto, mas vacinado contra a febre galinácea! No subsolo da sala de conveniências, hallè un boludo. Permiti sua pertinência, sugando algumas indicações. Telefonar-me-iam em duas semanas, ou três - também -, misturando dados e perdendo a aposta. Aceitei de prontidão a refletida sugestão, inibindo irresponsabilidades, atraindo recursos hidrícos, lipídicos e pulmonares para sustentar o funcionamento abaixo do pescoço, mantendo ativo o de acima.

Com algumas rasuras, estreei a capa total-power, nos tons do grafite. Derrubei gotas douradas para selar o pacto, encerando o chão em seguida para evitar vestígios. Nada que alegue cumplicidade, temoroso de penalizar o amigo; permaneço insconstante e irregular, prontidão na escalada das palavras e no abismo da gramática encontro alguns primitivos medos, da época de auroras, quando temíamos ditados de transcrições.

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Recordei nesses registros muito do ano lavado, enxugado, seco e passado, nada muito explêndido, mas acompanhado a risca por mim mesma, fazendo tudo isso que escrevi, por incrível. Incrível, algo não crível, nem cível, delegacias e tribunais não contestam minhas atitudes, porquê não é à este percentual que elas se destinam. Incrível como uma teoria pode ser desmontada por outra, próxima e contrária, como um filme demonstrava a insistência de personagem, sobre as relações amorosas findarem simultaneamente a cada 6 ou 9 meses, pois que entrelaçavam-se e recompensavam envolvidos.
Pronta para enfrentar um ano inesquecível e inconfundível, pretendi investir na carreira de escritora. Invoquei profetas e escutei o profundo letramento de musicais; inspirei meu pensar, voltei pro vício enobrecedor. Nobel, buscava um prêmio particular, autodidático. Consegui uma capa, um título e até uma editora. Parti na disputa pelo Oscar da Literatura, a qual nomeei "d'Aflição". Designei uns camaradas para contarem pesares e evoluções na pista de lama em que dormem. Deixei de insistir e eles mantiveram provocações aos meus sentidos, impedindo que me despedisse daquela aglutinadora formulação de possibilidades vívidas. Um bloco se montou para compreender os requisitos e parciais, sem muitos adereços ou gentileza, mais pela boniteza da obra escrita que pela aparência publicitária. Confundi o último parágrafo, pois indiscretamente dediquei minhas falanges a prosseguirem com o grotesco, o rude e indecoroso.
Refletiu. Mas refletiu não nas mudanças de aspecto, pois fomentei meu físico em aulas de arte marcial chinesa, estilo norte. Moro no oeste, indiferente a muitos conterrâneos, sem prestígio na agitação noturna. Pelo visto me adaptei a atmosfera, sou gás insalubre, afastando família, ciência - científica e universitária -, companheiras de plantão, colegas e mármores, além de conter tamanha preguiça que aglutinei poeiras e cabelos, expelindo fogos e carvões que afugentaram dócil leão.
Arrenpedida estou, apesar da obra quase completa. A fonte de inspiração restringiu e as dificuldades emotivas duplicaram. Salitre e glicose. Entrada e saída. Déficit e superávit. Vivo e morto. DDD e à cobrar. Dois pontos, duas opções, ramificações intermináveis. Uma decisão para jogar qualquer coisa ao Terminal (ver TOM HANKS).

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